
Um adolescente autista, de 16 anos, recebeu atendimento inadequado no CRS (Centro Regional de Saúde) Nova Bahia e teve admissão negada no CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) Infanto Juvenil, de Campo Grande, entre a noite desta terça-feira (25) e a madrugada desta quarta-feira (26). As denúncias são da mãe dele, que foi ouvida pela reportagem.
Carolina Spinola começa explicando o "pingue-pongue" que viveu no SUS (Sistema Único de Saúde) com o filho. "Ele recebeu o primeiro atendimento do Corpo de Bombeiros, que foi humanizado, mas, depois, ficou nas mãos de profissionais da saúde despreparados no CRS e teve atendimento negado no CAPS", alega. "E, depois, recorremos à rede particular", completa
Membro da diretoria do Prodtea (Associação de Pais e Responsáveis Organizados pelos Direitos das Pessoas com Transtorno do Espectro Autista), ela se revoltou ao ver protocolos internacionais de atendimento a essa população serem ignorado no CRS.
"Ele foi maltratado. Foi amarrado com faixas e urinou na roupa. Um monte de gente ficou na sala. Não tinha iluminação adequada. Teve uma enfermeira que não queria nem encostar. Pediam para segurarmos ele porque estava em crise", conta Caroline.
A mãe explica que o ideal seria haver um local isolado para atender o paciente, com leito, menor movimento de pessoas, iluminação baixa e sem amarrá-lo. "Mas, em Campo Grande, não existe hospital psiquiátrico para esse atendimento", diz.
CAPS e atendimento particular - O adolescente foi transferido do CRS para o CAPS, onde não chegou a ficar. "Disseram que não tinham condições de atendê-lo por estar em surto". Diante disso, ligou para a Unimed buscar o filho. Toda essa saga começou às 18h da quarta-feira, quando o autista teve crise dentro do carro da mãe. A internação foi feita pela Unimed por volta da 1h de quinta-feira. "E ainda não terminou, porque na Unimed o atendimento também não é 100% adequado. Não sei o que fazer", desabafa.
A crise é uma ocorrência esperada entre pessoas autistas, reforça a mãe. Gatilhos são motivados, principalmente, por quebra de rotina. "As terapeutas estão de férias, mas o autismo não tira férias, como eu costumo dizer. Precisa haver uma rede para atendimento ininterrupto a essas pessoas", apela Carolina.
Sesau e Unimed - Ao Campo Grande News, a Sesau (Secretaria de Saúde de Campo Grande) informou que o adolescente deu entrada no CRS já contido pelos militares e permaneceu dessa forma até os primeiros atendimentos.
E seguiu explicando: "O paciente foi prontamente atendido pela equipe da unidade e passou pela avaliação de um psiquiatra. Após a estabilização, ele foi encaminhado para o CAPS Infanto Juvenil. No CAPS, ele passou novamente por avaliação do especialista e, por apresentar algumas alterações clínicas no seu quadro de saúde, foi recomendado encaminhamento para unidade hospitalar, já que o paciente tinha convênio médico, para passar por exames complementares".
A secretaria afirma que todos os protocolos oficiais foram seguidos no atendimento. "Cabe esclarecer que todos os protocolos foram seguidos durante o atendimento, respeitando a integridade e condição momentânea do paciente", pontuou.
Ainda de acordo com a pasta, o atendimento de pessoas em surto é realizado nas unidades de urgência e também nos CAPSs. "Os profissionais são capacitados para atender todas as condições, inclusive pacientes autistas", conclui.
A assessoria de imprensa da Unimed também foi acionada pela reportagem, que não retornou até esta publicação. O espaço segue aberto.
fonte:campograndenews
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